Faz tempo que tenho mania de passar madrugadas
buscando música novas, bandas que eu me encontre ou algo que me deixa
satisfeita. Tá fazendo uns 4 anos que a Dani, lá da Hungria, me perguntou: “Já
ouviu Rubel?” e fácil assim, com uma pesquisa no Google, encontrei alguém que
compartilhasse exatamente as mesmas dores de cotovelo que eu.
Rubel só tinha lançado um álbum na época, o Pearl, e
que álbum. Já começa com um “Lança o barco contra o mar, venha o vento que
houver e se virar, nada”. Meu Deus, senti ali por 2014-2015 que ia ser treta.
Era ano de TCC, fim do curso de jornalismo, mil aflições na cabeça, mais uma
centena de dúvidas – Que até hoje seguem firmes por aqui- começaram as crises
de ansiedade frequentes, mas tinha uma coisa no meio desse turbilhão de emoções
que conseguia me deixar calma: Rubel.
Para quem não conhece, é um jovem ariano carioca que
se formou em cinema mas preferiu ser músico. Tem um tanto, a meu ver, de
Marcelo Camelo e Caetano dos anos 70, junto com belíssimos cabelos lisos cor de
mel e pernas grandes demais. Dois álbuns lançados até às três e quarenta e
cinco da manhã do dia 30 de setembro de 2018. Dentre minhas preferidas – Que
são muitas – a que mais ouvi na última semana foi “Mantra”, uma parceria dele
com o Emicida: “Não me deixe esquecer que a gente não precisa de nada”, canta
em um dos refrões. E é esse mesmo o mantra que repito para mim desde que a
música começou a fazer sentido por aqui. Ninguém precisa de nada. A gente já
tem tudo.
Fez show em Belém na última quinta-feira e eu troquei
essa crônica por um ingresso, foi a melhor troca que já fiz na vida. Meu amigo
ligou e disse: “depois me conta como foi o show numa crônica e fica tudo certo”
e ficou mesmo. Fiquei bem na primeira fila, a no máximo uns 3 metros do palco.
Ele, descalço, regata e um violão cantava todas as músicas de olhos fechados. Antes
de cantar “Partilhar” contou que aos 15 anos via casais mais velhos que
terminavam relacionamentos prometerem a si mesmos que não se apaixonariam de
novo porque era tudo muito dolorido e ele prometeu que quando fosse a idade,
não ficaria tão casca grossa, eu me prometi o mesmo, ainda não consegui. Mas
tudo bem, eu vou passar também.
Saí do show com o coração quentinho, batendo um pouco
mais compassado. Estou meio assim, quebrada, com crises de ansiedade e visitas
frequentes à psicóloga, mas naquele dia, por umas 2 horas, fiquei leve. Corri
para o Spotify na mesma noite e ouvi a discografia inteira porque precisava.
Assisti todas as entrevistas possíveis no Youtube e a cada fala descobria mais.
Rubel quer ser posto na caixinha de pessoas que fizeram bons discos e não tenha
dúvidas, moço: você está no caminho certo.
Sigo tentando ser dura e forte, olhando pra Marte e
fazendo minha arte que é escrever. Não esquece de fazer a tua também que é
ótima, faz bem para a gente. E seguindo teu próprio conselho: Não cala tua voz
se amar demais, nem tenta ser outra pessoa.
Thank you, Pearl. Seja sempre bem-vindo em casa.
(Crônica publicada no dia 02 de Outubro de 2018 no portal Roraima em foco)
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