Tem vezes que a vida nos convence que nunca vai dar certo, aí você conhece alguém, ele sorri, você se apaixona e já era. Ele vai embora e você fica.
Já tive três namoros sérios. O primeiro ainda na escola, no segundo ano. Andávamos de mãos dadas, nos beijávamos na frente do laboratório de física e só tínhamos o tempo entre o fim das aulas dele de manhã e o começo das minhas aulas à tarde para os amassos. Foi meu primeiro beijo. Noites a fio no MSN conversando sobre a vida, estudando a matéria e prevendo o dia seguinte de quanto tempo teríamos. Eu sempre me esforçava pra chegar mais cedo e poder passar mais tempo com ele. Daí eu me apaixonei por outra pessoa. Fui covarde a ponto de pedir pra minha prima terminar com ele por MSN, 1 mês depois do fim da copa de 2010.
O segundo namoro foi em 2013/2014. Ele era bem mais novo do que eu, mas a gente se gostava bastante. Fugia pra casa do meu melhor amigo pra me encontrar com ele. Como eu estava na faculdade e ele tentando vestibular, nos víamos a cada 15 dias. Com o fim do MSN seguimos pelo Facebook. Era bom, ele era uma pessoa muito legal e amiga, mas também não sobreviveu a fim da copa de 2014. Me apaixonei por outro cara também que partiu meu coração.
Ai eu falei chega. Não dá. Não vou mais me apaixonar. Não quero mais ficar nesse negócio de gostar, namorar, terminar. Não podia ouvir a palavra “amor” que ficava: “isso não existe.” O amor é uma grande besteira. Levei 2 anos até me recuperar do trauma, mas não adianta, tentar controlar sentimento é como caminhar em areia movediça, andar em cima de um colchão de água, ver Titanic pela milésima vez torcendo pro Jack não morrer, sabendo que vai morrer. Aí eu conheci meu terceiro namorado.
Ele, de longe, marujo, virginiano como eu. Foi tudo tão rápido que em 12 dias já eramos melhores amigos e namorados. Chegou num momento que eu precisava de alguém, minha avó estava muito doente e eu com crises de ansiedade dia sim, dia não. Me levou pra sair, me levou pra viajar. Me ensinou – ou pelo menos tentou- matemática e física. Eu ensinei ele a dançar forró. Fomos pra Fortaleza, Juazeiro do Norte, Manaus, São Paulo. Torcia toda noite para ele no meio do oceano ter internet, mandar um alô, dizer que estava com saudade e ele estava, eu estava.
Até que a distância – como diria Sheldon Cooper: essa vadia sem coração – falou mais alto. Não terminamos porque não somos assim. Quando uma pessoa entra na sua vida, ela não sai como se tivesse saindo da sala de casa. Ela te bagunça, te joga de cabeça pra baixo, deixa uma marca em ti. O bom é que temos a mesma idade com uma semana de diferença e por isso fomos maduros o suficiente para perceber que estava pesado para ambos. Vamos dar um tempo, seguir em frente, recarregar as energias e daqui a um, dois anos quando não tiver mais o fantasma do fim da copa do mundo nos assombrando, nos reencaixamos.
O amor continua o mesmo. Minha sorte é que quando eu me disponho a ser amiga de alguém, eu sou amiga. Falo com meus dois ex namorados até hoje porque sempre conversamos o suficiente para entender os dois lados da moeda. Vamos ser amigos? Sim, vamos ser amigos. Esperar pacientemente não é o meu forte, mas se for preciso, espero. Um, dois, cinco anos ou cinquenta. Porque quando a gente se apaixona, romântico leitor, dirigimos um carro descontrolado. Desculpa, essa é a vida.
Segue o Barco. Dói, faz falta, mas é bom tomar novos ares, respirar um ar puro, fazer natação, tomar um sorvete e ouvir Adele. A dor é passageira, ela vem, dói, arde, faz ferida, mas depois cicatriza. Não vejo como o fim da linha do trem, vejo como uma bifurcação no caminho que mais na frente vai voltar a ser um caminho só. Tem eu, tem ele e tem nós dois. Como escreveu Gregório Duvivier um dia: “Tem uma hora — e dizem que essa hora sempre chega — que para de doer. A parte chata é que, até parar de doer, parece que não vai parar de doer nunca.”
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