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A breguisse do amor no século 21


Eu arranjei um namorado. Não, não foi semana passada ou a uma semana atrás. Fez 2 anos em Abril. Ah, o fatídico feriado de Tiradentes, dois dias depois e eu já tinha esquecido o flerte do carnaval e já tava enroscada de amores pelo Marujo número 2. Aliás, nem eu sabia que tinha opção em escolher alguém da marinha. A única diferença chamativa entre os dois era que o Marujo 1 se chamava Lucas e o 2 tinha o nome de Luca. Esse último, por sinal, é o meu namorado.

Não lembro de mais nada que possa ter me chamado atenção assim logo de cara. Uma letra a menos no nome pra mim já era uma diferença enorme. Ah, lembrei de outra: Meu namorado parece com o Finn Hudson de Glee e com o protagonista da novela das 6 na época, o que fez minha tia dar o apelido carinhoso pra ele de Candinho. Outra diferença: Ele ficava falando comigo até as 4 horas da manhã. Eita, lembrei de outra: Ele mede 1,80 cm e o outro um hobbit que fugiu da última batalha na Terra Média. Aliás, eles eram bem diferentes, mas eu só percebi com o tempo.

Esses dias eu estava conversando com o meu namorado sobre um anime muito louco (não gosto de animes, na segunda frase do episódio eu já tô sonhando com uma batalha entre a galinha pintadinha e a pepa pig no meu mais elevado nível de sono), mas eu resolvi dar uma chance pra história. “Kuzu no honkai” o nome do anime, se eu fosse você (e se tivesse + 16 anos eu assistiria) eis que surge um dos grandes dilemas do século 21: O que é o amor verdadeiro e qual a diferença dele para o amor idealizado? Minha gente, isso foi uma discussão danada.

No meio da conversa ele disse que eu não era romântica. Logo eu, que cantei “é o amor” do Zezé de Camargo e Luciano pra ele numa noite de karaokê. Eu, que mandei bolo de laranja enrolado em papel alumínio pro quartel dia de domingo (isso antes da gente namorar). Euzinha, que dei uma carta e uma foto do nosso primeiro encontro de presente de natal, não sou romântica. Foi um balde de água fria na minha cabeça. Doeu mais do que quando o Luke descobriu que era filho do Darth Vader no episódio V. Como quando a Beyoncé decidiu se separar das Destiny Child. Foi o fim de uma era.

Mas, pensando melhor, eu realmente não sou mais romântica. Dia desses eu passei em frente a uma escola e vi um casal de adolescentes aos beijos no portão e ao invés de pensar: “Own, que bonitinho!” eu só conseguia pensar em: “Ei, vão estudar! Portão de escola não é lugar pra isso”. Aonde foi parar meu amor? Aquele dos meus textos melosos de 16 anos? Aquele amor piegas que fazia meus amigos quererem me dar uns tapas na cara depois de lerem a crônica? E agora, analisando melhor, eu percebi que realmente o amor é meio brega. Cafona mesmo. Eu quero ser romantica, mas eu tenho que me esforçar muito pra isso. Não é mais natural como era quando eu tinha 15 anos.

Flores: Brega. Jantar romântico: Super brega. Zezé de Camargo e Luciano no karaokê na frente dos nossos amigos: BREGA, BREGA E BREGA. Mas quer saber, talvez eu sempre tenha sido brega e acahava que era romantica. Não tenho mais chorado assistindo romances, não tenho mais sonhado que eu tô vestida de princesa e ele tá com o uniforme branco da marinha dançando comigo no salão de um castelo, não sinto mais aquele calorzinho no estômago antes de escrever uma carta. Meu Deus, eu virei adulta.

Mas se vocês querem saber porquê de eu estar escrevendo essa crônica 1.30h da manhã, é porque caiu a ficha de que o amor é brega sim e nunca vai deixar de ser. Eu posso ter deixado de ser romantica dos meus 15 anos, mas o amor nunca vai deixar de ser brega, principalmente agora no século 21, na era dos textões do facebook. Eu sou brega, mas não sou romantica. Ou sou romantica e não sou brega. Ou eu sou os dois, dependendo do ponto de vista.

Só sei que eu ainda gosto de deitar no sofá depois do almoço e me jogar nos braços dele. Ou ficar me olhando pelo reflexo dos olhos castanhos quando ele me olha. Eu gosto de olhar o sinal que ele tem na lateral da cabeça e os outros 100 que ele tem espalhados pelo corpo, assim como se fosse uma constelação. Eu gosto de quando a gente ouve two door cinema club no carro e para pra dar uns amassos numa rua deserta.

Meu Deus, que brega. Ou romântico. Ou brega. Eu, com certeza diria romântico, mas ele diz que é brega.

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