Pular para o conteúdo principal

Saiba que o meu grande amor hoje vai se casar


Idos de 2009. O ápice da minha adolescência, 15 anos incompletos, espinhas no queixo, cabelo grande e aparelho nos dentes. Quando entrei na biblioteca do colégio para devolver meu livro do Machado de Assis, ele estava sentado me encarando. Um livro aberto na mesa e olhar fixo na porta. Jamais me esqueço, estava tocando “Versos simples” do Chimarruts (ainda odeio essa música, desculpa Chimarruts). Foi o fim ou talvez o começo.
Desde esse dia passei horas o observando de longe, esperando uma chance de falar com ele, um momento que ele estivesse a sós. Conheci os amigos dos amigos dele. Apontava pras minhas amigas quem era na hora do intervalo e aguardava, ansiosa fazer contato visual. Falei com ele. Viramos amigos. Me declarei pra ele e ele, despretensioso, disse que não podia namorar comigo e me ofereceu um Halls.
15 anos. Quando se tem 15 anos, você pensa que o “Não” do garoto que você gosta é o pior momento da vida. Tudo é intenso quando se tem 15 anos. Os hormônios gritam, as acnes se espalham pelo corpo, a TPM surge na sua pior forma, o cabelo desgrenha e o garoto que você gosta, seu primeiro amor, prefere dar uns beijinhos na sua prima gostosa. Lá se vão as voltas do mundo. Sua raiva, seu ódio, seu rancor, sua amargura. Vontade de mandar o mundo pro quinto dos internos, pra onde o Judas perdeu suas botas. Mas o que você faz? Amadurece.
Segue em frente. Namora uma vez. Namora uma segunda vez. Namora a terceira vez. Até que um dia, 9 anos depois, uma notificação no Facebook avisa que ele ficou noivo. Que agora sossegou, se formou, comprou um carro. Vai casar. Mesmo ele não sendo mais o amor da sua vida (não foi nem o amor da sua adolescência), você sente que o tempo passou.
E por mais que isso arruine todos os seus anos de terapia tentando esquecer e superar, depois de vario anos andando de onibus, uma Bulimia superada, numa manhã de sol seu primeiro amor vai se casar. Eu não queria, mas lá longe, bem baixinho, em algum lugar do meu subconsciente está tocando “Garçom” do Reginaldo Rossi.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Halley

(De acordo com o cronista Antônio Prata, o cometa Halley parece a ponta de um cotonete) Passava das 9 da noite quando eu peguei uma carona com o Adams rumo a Cidade Nova, depois de cinco cansativas horas de trabalho, escrevendo do término de casamento da Déborah Secco à Guerra na Ucrânia. A viagem não era longa, tinha cerca de 30 minutos, mas – Não sei se você convive com jornalistas – não paramos de falar um minuto. Falamos da Disney, da minha banda preferida, de chifres e traições, até chegar no cometa Halley. Pausa. Este cometa, que aparece a cada 70 anos, nunca foi visto nem por mim e nem por ele, levando em consideração que nascemos nos anos 90. Claro que eu já pesquisei sobre o famoso cometa, perguntei à minha avó e à mina mãe, à minha tia e ao meu pai, e a resposta era sempre a mesma: não lembro. É um pouco fácil as pessoas serem traídas pela própria memória. Esquecer onde deixou uma chave, onde estava no 7x1 ou quando você comemora aniversário de namoro, e está tudo bem...

A distância

Aquele abraço de longe Não foi de longe o pior Aquele abraço colado, Meio apertado Foi de perto o melhor E quando a noite findou Que o mundo ruiu E a festa acabou Você se encontrou em si e sorriu   Depois que a chuva passou E o sol abriu Fez um dia preguiçoso E você viu   Veio a saudade tomar conta No meio daqueles braços solitários Que fez o dia inteiro Frio   Vou tentar escrever carta Talvez te ligue fim da tarde Não sei se você sabe Mas tem um tempo que você não parte   Depois que você saiu No meio do abraço apertado Senti seu cheiro suado Colando no meu pedaço Que nunca desistiu   Mesmo que o mundo acabe E as horas passem Vai ter sempre seu encaixe No meu país.   Nota da autora:  Este poema foi escrito em 2020 e deu nome ao meu segundo livro (A distância), mas infelizmente foi cortado na edição. Amo demais e acho injusto ficar sem ser lido por ninguém. O livro está disponível par...

Precisamos falar sobre Kim Mingyu

É um esquema de pirâmide: começa com você ouvindo uma música divertida do BTS e quando vê tá chorando de saudade por 7 homens, que você nunca viu na vida, passando dois anos no exército.  Foi assim que começou em 2021 e percebi que em 2024 continua a mesma coisa. Exceto que eles se multiplicaram. São muitos grupos, muitos "idols", muitos cabelos coloridos, 1ª, 2ª 3ª, 4ª e 5ª geração.  Por aqui, ouvimos mais os grupos da 3° geração e foi aí que surgiu meu atual problema, um problema que tem nome, altura e beleza, muita beleza.  Nome: Kim Mingyu . Idade: 27 anos. Atura: 1,87m. Grupo: Seventeen.          Sonhei com Mingyu na madrugada de sábado. Uma pele cor de mel, os cabelos pretos e os olhos castanhos. Braços torneados, parece que feitos a mão, o sorriso mais bonito do mundo. Paul McCartney também estava no meu sonho, mas vamos focar no Mingyu.  Era uma casa pequena,  baixa, onde ocorria uma festa com os amigos. Entre bebidas e música do...